Marcos Paulo

14 de jul de 20215 min

O Pão Nosso de Cada Dia no Brasil (em Coxim)

Atualizado: 7 de set de 2021

Pequenas soluções de grande impacto a longo prazo. Como a economia informal pode gerar desenvolvimento?

A arte de fazer pão, passada de geração em geração, criou grandes
 
padarias ao longo da História, inclusive em Coxim.

A panificação talvez seja umas das artes culinárias mais antigas do mundo. Estima-se que tenha surgido na antiguidade às Margens dos rios Tigre e Eufrates na antiga Mesopotâmia e no vale do rio Hindu. Parece que pão combina com beira de rio já que a arte da panificação nasceu às margens de grandes rios do mundo.

Em Coxim, cidade banhada pelo maior afluente do pantanal, o Rio Taquari, a arte de fazer pão permanece arraigada na identidade cultural de seu povo, mantida com amor e dedicação à espera de dias melhores.

Sabemos da dificuldade em criar desenvolvimento econômico em municípios brasileiros de pequeno porte. A indústria não se instala devido a distância dos grandes centros consumidores. O turismo enfrenta dificuldades atreladas à falta de recursos e desenvolvimento de um trade atuante. O mercado interno de cidades pequenas costuma importar cerca de 90% do que consome gerando deficit na balança comercial. A disputa por verbas federais e estaduais é uma luta sem fim para todos os prefeitos do Brasil. Enfim, poderíamos citar várias dificuldades que são gargalos para o crescimento econômico das cidades brasileiras.

Contudo, se as grandes soluções estão além da capacidade das pessoas comuns como nós, as pequenas estão bem ao alcance de nossas mãos, esperando por serem imaginadas, empreendidas e conquistadas. Veja o exemplo da panificação artesanal no município de Coxim.

Na foto pontos de venda de pão caseiro em Coxim.

Em Coxim temos várias famílias sobrevivendo e complementando renda através deste ofício bonito e sagrado, porque o pão nosso de cada dia é de fato sagrado, tanto o pão que sustenta nossa fé quanto o pão que vai à mesa para saciar a fome de nossas famílias. Quem faz pão, sem dúvida, tem o mesmo valor de quem planta o trigo, de quem lavra a terra e produz a matéria prima de tudo o que nos alimenta. Veja o caso de Dona Maria.

Dona Maria: artesã de pães em Coxim

Moradora da Vila Bela, quase no final da Frei Cirino no Município de Coxim/MS - Brasil. Dona Maria faz pão artesanal para complementar a renda da família. Duas vezes por semana assa pães em seus forninhos. Produz pão caseiro, pão integral, fatia húngara, cuca, rosca doce e pão italiano. Este que vos escreve foi conhecer de perto o trabalho dela. Preparam tudo artesanalmente, assam em pequenos fornos elétricos e à gaz, embalam e vendem por whatsapp, entregando na casa dos clientes. Sinceramente, seu pão integral está entre os melhores da cidade, super macio, fofinho e com um sabor delicioso. E isso não é propaganda. É a opinião de quem aprecia comida caprichada, feita com carinho. E nesse aspecto é possível afirmar que Dona Maria tem mãos de ouro para a panificação.

O que Dona Maria não tem é capacidade financeira para ampliar seu negócio. Falta-lhe capital para expandir. O sonho já está com ela a anos: ampliar uma peça de sua casa, abrir uma pequena empresa para poder comprar matéria prima de fornecedores a preços melhores, comprar algum equipamento para ajudar no feitio da massa, fazer divulgação e crescer. Numa entrevista informal, enquanto comia uma generosa fatia de pão com manteiga recém saído do forno, perguntei o que faltava para a realização desse sonho.

O que pude perceber é que ela não sabe por onde começar. Não tem ideia de como conseguir o capital, nem de como regularizar uma empresa porque isso lhe parece custar caro, além de ser mais uma despesa numa renda que já é pequena. São muitas dúvidas para uma senhora de meia idade que não tem acesso à formação econômica. Como ajudá-la, pensei comigo. Como ajudar pessoas iguais a Dona Maria que sabem produzir mas não sabem como empreender?

A primeira ideia foi procurar ajuda do SEBRAE, que aqui em Coxim atende muito bem e com certeza pode ajudar Dona Maria com a formalização de uma MEI e um plano de negócios que atenda suas expectativas.

Mas falta ainda o capital. Onde Dona Maria vai conseguir cerca de 23 mil reais com carência e juros realmente baixos para pagar parcelas acessíveis a sua condição econômica? Se provar que seu pão é um produto muito bom e altamente vendável fosse garantia aceita pelos bancos, com certeza Dona Maria já teria conseguido o recurso. Mas não é assim que o mercado funciona.

Infelizmente ainda não temos no Brasil bancos de micro crédito como o Grameen Bank, fundado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, que empresta sem garantias nem papéis, sendo, sobretudo, procurado por mulheres: elas são 97% dos 6,6 milhões de beneficiários. Segundo Muhammad, os bancos poderiam ser mais inclusivos sem medo de perdas porque a taxa de recuperação do Grameen Bank é de 98,85% (leia matéria aqui).
 

Também não temos a prática do Mecenato voltado para a cultura produtiva, porque produzir alimentos artesanalmente é, em origem, uma autêntica expressão cultural.

Também há a opção do "Crowdfunding", chamado de vaquinha online ou financiamento coletivo, uma forma de arrecadação de dinheiro pela internet que tem como base a economia colaborativa. Acontece quando várias pessoas se identificam ou se solidarizam com uma causa e resolvem ajudar financeiramente com algum projeto (leia mais aqui).

Há, em verdade, várias opções para quem como Dona Maria já coloca a mão na massa mas não consegue empreender sozinha. Contudo é preciso um esforço colaborativo de vários segmentos sociais: alguém para ajudar na divulgação (presente), uma instituição para ajudar na formatação do projeto (SEBRAE) e, por último, um conjunto público/privado capaz de subsidiar o recurso por etapas, focado no fomento ao desenvolvimento da economia interna e não apenas no lucro dos juros por empréstimo.

Se isso é um sonho? Óbviamente que sim! Sem sonhar não alcançamos a realidade que a fé é capaz de projetar. Por isso criamos a campanha colaborativa "Banco do Pão", onde as pessoas investem um pequeno capital que vai ajudar dona Maria a realizar seu sonho. Ao contrário do "Crowdfunding" tradicipnal, onde o dinheiro é doado, no "Banco do Pão" há também a opção de investir e recuperar o investimento em produtos, neste caso em forma de pão. É uma maneira de fazer campanha colaborativa onde os dois lados ganham: Dona Maria consegue o recurso que precisa para ampliar seu negócio e o público que investiu recupera o dinheiro.

Quem quiser conhecer a campanha e participar como doador tradicional ou como investidor do Banco do Pão da Dona Maria pode visitar a página neste link: https://sharity.com.br/pao-da-dona-maria?u=eb1ee23d0a6611eca8a10aa05906e5e6

Lá há duas formas de participar:
 
1 - Doador tradicional

2 - Investidor que recupera o capital na forma de pães.

Quem quiser experimentar o pão artesanal da Dona Maria pode pedir diretamente pelo whatsapp dela clicando AQUI.

Conheça o "GUIA em Coxim", um site da internet voltado para pequenas empresas e pequenos produtores anunciarem gratuitamente. Para cadastrar-se de forma gratuita no Guia em Coxim basta clicar AQUI.

Feito com Site&Mídias.

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