Reportagem Especial
Além de oferecer acompanhamento médico, psicológico e social, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Coxim também realiza oficinas terapêuticas em argila, pintura, costura e bordado, onde os pacientes podem expressar sua criatividade e melhorar sua autoestima. Essas oficinas fazem parte do processo de reabilitação psicossocial e integração social dos usuários do CAPS.
Em uma visita ao local, conversamos com Robertson Vieira, artesão e um dos responsáveis por uma das oficinas, a oficina de modelagem de argila, que nos contou um pouco sobre o trabalho que é desenvolvido.
Como funciona a oficina terapêutica em argila?
Robertson explica que a oficina terapêutica em argila é uma atividade que visa estimular o prazer, o conhecimento de si próprio e a integração social dos pacientes. Com o barro, eles podem modelar vasos, bichos do Pantanal e outras peças de cerâmica.
“A gente trabalha com a questão da autoestima, a questão do prazer, do conhecimento de si próprio aqui, né? Então eles têm mais facilidade de construir o vaso, os bichos do Pantanal. Estou começando a inserir agora. Tivemos um treinamento há pouco tempo dos bichos do Pantanal. Algumas pessoas já fizeram e fizeram o jacaré, fizeram uma onça e tal, mas nem todos têm essa facilidade, porque são muitos detalhes, né? Então o vaso é mais fácil de ser feito”, diz ele.
De onde vem o barro e como é feita a queima das peças?
Robertson conta que o barro usado na oficina vem de Rio Verde de MT, e que eles têm uma parceria de mais de 20 anos com a Cerâmica Arco Iris, que disponibiliza a argila e também faz a queima das peças.
“Essa argila que usamos vem de Rio Verde, a gente pega da Cerâmica Arco-Íris eles disponibilizam para a gente. Eles são parceiros faz mais de 20 anos e lá mesmo a gente queima. Então pegamos esse barro, produzimos a argila aqui, deixamos ela no preparo para subir os vasos e depois da secagem a gente retorna para cerâmica. Eles pegam e queimam para a gente”, explica.
Quantas pessoas participam da oficina e como é feita a distribuição das peças?
Segundo Robertson, cerca de cinco ou quatro pessoas participam da oficina por período, sendo que há turmas diferentes pela manhã e pela tarde. Ele diz que os pacientes são encaminhados para a oficina pela equipe do CAPS, que avalia a necessidade de cada um.
“O pessoal ali da frente (atendimento e acompanhamento). Eles estudam, observam a necessidade de cada paciente e eles que encaminham, para eles possam fazer suas peças”, disse.
Ele também revela que cada paciente faz duas peças: uma fica para ele levar para casa, seja para ficar para ele, vender ou presentear, e outra fica para o CAPS usar na manutenção da própria do Centro. Ele diz que as peças têm bastante aceitação no mercado e que não há disputa entre os profissionais da cerâmica.
“O paciente faz duas peças, uma peça o paciente leva pra ele fazer o que quiser. Ele pode vender ou pode deixar na casa dele, presentear. E a outra peça fica aqui no CAPS pra contribuir com as oficinas. As cerâmicas têm bastante aceitação em nossa cidade, tem espaço para todo mundo que não é uma disputa entre profissionais, na verdade, tem que ser uma parceria né? Porque todo mundo vende”, diz Robertson referindo-se que as peças criadas pelos usuários do CAPS não são concorrências com os artesãos do município, ao contrário, são peças que tem uma conexão social muito significativa para a sociedade.
Como ajudar o CAPS de Coxim?
Robertson diz que o CAPS de Coxim aceita ajuda, principalmente na questão do transporte da argila, que às vezes é um problema para a continuidade da oficina. Ele diz que depende de um carro para buscar e levar as peças, mas que devido às demandas de outros setores da prefeitura e a demanda do próprio veículo do CAPS impossibilita o transporte das peças.
“Sim, aceitamos. Aceitamos, sim, principalmente nessa questão do transporte mesmo da argila. Esses dias fomos lá buscar argila. Não tinha. Então ficamos meio morno. A gente ficou só no acabamento, arrumando uma atividade ou outra, né? Mas geralmente dá tudo certo, com as parcerias”, diz.
Em uma declaração a nossa reportagem, o prefeito Edilson Magro parabenizou a oficina terapêutica desenvolvida pelos profissionais do CAPS e disse que apoia essa iniciativa. “Quero parabenizar a equipe do CAPS pelo belo trabalho que eles fazem com os pacientes, usando a argila como forma de terapia e de arte. Acho isso muito importante para a saúde mental e para a inclusão social dessas pessoas. A prefeitura está junto com o CAPS nesse projeto e vamos continuar apoiando e incentivando essa iniciativa”, disse.
O prefeito destaca ainda que está atendo as necessidades da saúde pública do município. “Estou sempre preocupado como anda o atendimento em saúde e estamos sempre buscando atender as demandas. Hoje todos os postos de saúde tem médico atendendo, há casos, com até dois médicos. Estendemos o horário de atendimento da Policlínica Lourdes Fontoura, que agora atende até as 21h30 e estamos sempre buscando melhorar mais”. Concluiu.
Segundo o secretário municipal de saúde, Flávio Dias, o CAPS conta atualmente com um médico que atende os pacientes regularmente, garantindo um tratamento adequado e humanizado. “Temos lá no CAPS, hoje atendendo, um Psicólogo, um Enfermeiro, dois Fisioterapeutas Ocupacionais, um médico com carga horária de 40 horas semanais, ou seja, atendendo durante a semana toda, além dos demais servidores que fazem um excelente trabalho. O secretário também afirma que está atento às necessidades dos pacientes e que busca constantemente oferecer mais recursos e estrutura para o funcionamento do CAPS.
A diretora do CAPS Célia Regina, disse estar muito orgulhosa do trabalho que está sendo realizado com os pacientes, ressaltando que existem outras oficinas além do trabalho com argila. “Nós oferecemos diversas oficinas terapêuticas para eles, como a de argila, que é uma das mais procuradas e apreciadas por eles. Eles gostam muito de trabalhar com o barro e criar peças lindas e originais, sob a orientação do professor Robertson, que é um excelente profissional. Aqui não é um curso, é uma terapia, que ajuda os pacientes a se expressarem, a se sentirem valorizados e a se integrarem socialmente. Nós temos também outras oficinas, como a de costura, de pintura, de bordado, de tricô, de crochê e de confecção de boneca, que são coordenadas pela artesã Nicinha, que também faz um trabalho fantástico. Os nossos pacientes têm a liberdade de escolher qual oficina eles se identificam mais e participar conforme a sua vontade e disponibilidade. Nós acreditamos que essas oficinas são muito importantes para a saúde mental e para a qualidade de vida dos nossos pacientes e por isso nós investimos nesse projeto com muito carinho e dedicação.” Concluiu.
Raquel Caroline Fantussi, médica terapeuta ocupacional do CAPS destacou a importância das oficinas. “São espaços onde os pacientes podem desenvolver o seu processo criativo, se expressar artisticamente, socializar com outros pacientes e interagir de forma positiva. Isso faz parte do tratamento deles, que não se resume apenas ao uso de medicamentos ou à terapia psicológica. As oficinas são fundamentais para a saúde mental e para a qualidade de vida dos nossos pacientes, pois eles se sentem mais valorizados, mais motivados e mais felizes.” Disse.
O CAPS de Coxim é um exemplo de como a arte pode ser uma ferramenta terapêutica para as pessoas que sofrem de transtornos mentais. A oficina de argila proporciona aos pacientes uma forma de expressão, de valorização e de integração social. Além disso, gera renda e contribui para a manutenção da oficina. Quem quiser conhecer o trabalho, comprar as peças ou ajudar o CAPS pode entrar em contato com a unidade e fazer uma visita.
Para entrar em contato com o CAPS de Coxim, o telefone é (67) 3291-4052 e o endereço é Rua Afonso da Costa Campos, bairro Senhor Divino.